segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Jesus, Mestre dos mestres!



“E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam dizendo: De onde lhe vêm essas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?” (Mc 6.2).

“Nunca homem algum falou como este homem”. Com essa frase dois servidores testemunharam acerca do impacto dos ensinos de Jesus sobre seus alunos. A clareza, autoridade e originalidade com que o Mestre de Nazaré ensinava encantavam até os seus adversários e lhe renderam o título de maior Mestre de todos os tempos.

Nos dias de Jesus, Sócrates, o grande mestre grego, já havia passado por aqui; Moisés, o grande legislador de Israel também; Esdras, o mestre do pós-cativeiro também – sem falar de outros grandes nomes como Platão, Aristóteles, etc.; mas foi do homem de Nazaré que alguém comentou:
NUNCA HOMEM ALGUM FALOU ASSIM COMO ESTE HOMEM...

Só pra se ter uma ideia mais clara do reconhecimento do magistério deste homem, das 90 vezes que alguém se dirige a Ele, em 60 Ele é chamado de Mestre.

Nas décadas anteriores ao nascimento de Jesus, um dos mais influentes mestres ou rabinos judeus foi um homem chamado Hilel. Há um registro no Talmud de Jerusalém, uma explicação das leis e tradições dos judeus, sobre uma ocasião em que Hilel discursou um dia inteiro sobre um ponto de interpretação. Os outros rabinos só aceitaram a opinião de Hilel quando este disse: “Ouvi assim de Semaías e Abtalion” (dois rabinos, professores de Hilel na sua juventude). O comentário de Hilel bem representa a mentalidade dos mestres da Lei da época de Jesus, que frequentemente citavam a autoridade dos anciãos (Mateus 15:2 apresenta um exemplo disso).

Essa dependência nas tradições transmitidas de geração em geração serve como pano de fundo para os comentários feitos por Jesus no Sermão do Monte: “Ouvistes que foi dito aos antigos” (Mateus 5:21; veja, também 5:27,31,33,38,43).

Até os profetas do Antigo Testamento, recebendo mensagens diretamente do Senhor, fizeram questão de atribuir suas palavras à autoridade de Deus. De Gênesis até Malaquias, encontramos tais atribuições dezenas de vezes. Alguns exemplos:

- “Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos” (Êxodo 24:3).
- “Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu” (Ageu 1:3).
- No seu livro, Ezequiel diz, em média mais de uma vez por capítulo: “Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo...”. 
Os apóstolos falaram da mesma maneira, claramente atribuindo suas mensagens às revelações recebidas do Senhor.
- Paulo disse: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1:11-12).
- Pedro afirmou que sua mensagem, como as mensagens de todos os profetas, veio por meio de revelação divina (2 Pedro 2:16-21).

JESUS FOI DIFERENTE! Enquanto ele afirma sua concordância total e cooperação perfeita com o Pai, pois trabalham juntos desde a eternidade (João 5:17-18; 12:49; 14:24), há nas palavras de Jesus um tom de autoridade ausente nas declarações de homens fiéis. Quando apresentou contrastes com os ensinamentos tradicionais, Jesus simplesmente disse:

“EU, PORÉM, VOS DIGO” (Mateus 5:22,28,32,34,39,44; 19:9; Marcos 9:13; João 4:35). OHHHHH GLÓRIA!!!!!!

É interessante notar que essa expressão aparece somente nos evangelhos e em nenhum outro livro da Bíblia. Qual homem ousaria elevar sua própria palavra dessa maneira?

Ensinar era algo  que estava no âmago da missão de Jesus, tanto que a maior parte do seu ministério foi ocupada pelo ensino. Ele deu uma importância e dimensão ao ministério do ensino como ninguém já houvera feito. Ele começou seu ministério ensinando (Mt 4.17), passou seus últimos dias entre os homens ensinando (Jo caps 14;15;16) e a sua última comissão á igreja foi: “Ide e ensinai”! (Mt 28.19,20). Era impossível ouvi-lo e ficar indiferente ou inerte.

Os que o ouviam, ou o amavam profundamente ou o odiavam com ódio cruel, isso porque ele quebrou os paradigmas de sua época. Em uma ocasião, após ouvirem um de seus discursos, muitos dos seus discípulos o abandonaram dizendo: "Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" (Jo 6.60). João tem o cuidado de registrar que a partir daquele momento, muitos de seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele (Jo 6.66). Mas qual o grande diferencial do Mestre de Nazaré? Que predicados o consagraram como o maior de todos os tempos? Vejamos alguns.

1. Jesus ensinava com autoridade. É comum, em um texto dissertativo, para ser convincente, alguém usar “argumento de autoridade”. Por exemplo, se queremos defender uma tese de cunho científico, citamos as palavras de um grande cientista; se a tese é de cunho religioso, citamos um grande religioso; se é de cunho econômico, citamos um grande economista, e daí por diante.

Os mestres de Israel, a fim de endossar seus ensinos, citavam as tradições e a autoridade destas para apoiar seus argumentos e interpretações. Outrossim, citavam Moisés cuja autoridade impunha respeito sobre o povo. Afinal de contas, até o momento, nunca havia se levantado em Israel um profeta ou legislador da envergadura de Moisés.
Por isso era comum se ouvir “assim como escreveu Moisés” ou “como nos ensinou Moisés”. Dessa sorte, a autoridade que calcava o discurso pertencia ás tradições ou àquele que era citado. De repente aparece Jesus com uma forma argumentativa centrada nele próprio, dizendo “ouviste o que foi dito... eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22,27,28, 31-34, 38,39, 43, 44).

Essa forma inédita de argumentar causou espanto nos ouvintes de Jesus. A autoridade em que ele alicerçava seu ensino era nele mesmo, não nos antigos. O Mestre não precisava citar outras fontes, pois ELE MESMO ERA A PALAVRA DE DEUS e o VERBO VIVO. Por isso que Lucas observa que a multidão se maravilhava de seus ensinos, porque ele ensinava com autoridade, e não como os escribas e fariseus (Mt 7.29).

2. Jesus ensinava em todos os lugares, a todas as pessoas. Ninguém era tão sábio ou indouto que pudesse ser dispensado dos ensinos de Jesus. Ele lecionou para um mestre de Israel chamado Nicodemos (Jo 3.1-21); como também lecionou para uma mulher simples de Samaria (Jo 4.1-30). Ele ensinava a grandes multidões (Mc 6.34), a pequenos grupos e também individualmente (Lc 24.27; Jo caps 3 e 4). Em todos os lugares, eis o incansável Mestre ensinando: nas sinagogas (Mc 6.2), em casas particulares (Mc 2.1; Lc 5.17 - obs.: até fariseus e doutores da lei ASSENTADOS ouvindo os ensinamentos de Jesus), no templo (Mc 12.35) e nas aldeias (Mc 6.6). Para ser aluno de Cristo, bastava estar em seu caminho, em qualquer lugar onde Ele estivesse.

3. Usava e abusava dos mais variados métodos de ensino. O Mestre se valeu de vários métodos pedagógicos, de acordo com a capacidade cognitiva de seus ouvintes a fim de comunicar com eficiência. Ele realmente criava condições favoráveis ao aprendizado de seus alunos, adaptando a lição ao aluno, não ao contrário. Ele analisava as condições psicológicas das pessoas, atentava para suas necessidades, interesses problemas pessoais e, a partir daí, mostrava caminhos e meios. Vejamos alguns métodos usados por Jesus.
a) Método expositivo (Mt 5.1,2; Lc 4.22);
b)Método socrático (Mt 22.42-45; ver Mt 13.51; 22.20; Mc 13.2; Lc 10.26);
c) Método de discussão (Lc 24.15-27,32; ver At 17.3,17; 18.4);
d) Método audiovisual (Mt 6.26, 28; Mc 12.15,16);
e) O método narrativo (Mt caps 13, 25; Lc caps 10, 15);
f) O método de leitura (Lc 4.16);
g) O método demonstrativo (ver Jo 13.15; At 1.1).

4. Jesus era pertinente. Ser pertinente significa ser próprio, concernente, adequado. Jesus arrebatava as multidões, porque ele tinha uma mensagem que satisfazia a necessidade espiritual das pessoas. Ele tinha um método eficientíssimo de comunicar sua mensagem. Ele tinha uma vida que endossava a sua mensagem. Então o seu sucesso devia-se a junção destes três elementos: uma mensagem (que ensina e satisfaz), um método (que comunica) e uma vida (que conserva).

Uma vez o Mestre disse aos seus discípulos: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu fiz, façais vós também” (Jo 13.15). Em outra oportunidade advertiu-os: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Mais tarde, o escritor aos hebreus traduz a coerência entre os ensinos de Jesus e a sua vida exemplar ao dizer: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa se compadecer de nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15); e “... naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). Por isso que até mesmo os que não gostavam de Jesus voltavam dizendo: NUNCA HOMEM ALGUM FALOU COMO ESTE HOMEM... (JO 7.46).

5. Ilustrava sua mensagem com belas parábolas. O termo parábola (do grego parabole) significa, etimologicamente, colocar uma coisa do lado da outra, a fim de comparar. Segundo a hermenêutica bíblica, parábola é uma narrativa alegórica constituída de personagens, coisas, incidentes e atitudes que, através de comparações, facilita a compreensão de realidade que se acham além do nosso entendimento.

Dos vários métodos usados pelo Senhor Jesus, a fim de favorecer a compreensão, sem dúvida o que se sobressaiu foi o método narrativo, que consiste em se contar histórias do cotidiano para ilustrar verdades que, de outra forma, seria de muito difícil compreensão. Dessa forma, as parábolas foram um recurso didático abundantemente usado pelo Mestre de Nazaré.

Jesus era um excelente contador de histórias. Suas parábolas até hoje são apreciadas por leitores de todo o mundo, tanto adultos como crianças. Dentre as mais conhecidas, temos a Parábola do bom samaritano (Lc 10), da ovelha perdida (Lc 15), das dez virgens (Mt 25), do filho pródigo (Lc 15). Além de que, Jesus era um exímio observador. Tudo em seu campo de visão podia ser usado como objeto ilustrativo para comunicar seu pensamento.

Ao ensinar verdades profundas por meio de parábolas, Jesus tinha objetivos bem definido: Ele queria esclarecer o Reino de Deus aos pequeninos e ocultá-lo daqueles que, julgando-se mestres, recusavam a sua doutrina.

Em certa ocasião, ele mesmo disse: “Por isso vos falo por parábolas, porque eles [os religiosos de Israel], vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem” (Mt 13.13). Aliás, essa atitude do Mestre já havia sido predita pelo profeta Isaías (Is 6.9,10). Achamos por bem transcrever abaixo o comentário preciso do pastor Ezequias Soares a respeito do assunto em apreço.

“Nem todos os que seguiam a Jesus estavam preocupados com o Reino de Deus e muito menos interessados em aprender. O propósito do Mestre era atrair os verdadeiros interessados por sua mensagem, pois, não entendendo, iam pedir-lhe explicações (Mt 13.10). Como toda a Palavra de Deus, as parábolas do Senhor Jesus eram como espadas de dois gumes. Se por um lado explicavam os mistérios do Reino de Deus aos pequenos e humildes (Lc 10.21), por outro, ocultava esses mesmos mistérios aos sábios e inteligentes. Se quisermos aprender os mistérios do Reino de Deus, devemos nos prostrar aos pés do Mestre divino e, assim, em profunda humildade, guardar seu ensinamentos em nosso coração”.

6. O ensino de Jesus era prático e desafiador. Ao proferir seus magistrais ensinamentos, Jesus não tinha como objetivo impressionar seus ouvintes com a sua incrível sabedoria ou encher-lhes o coração e a mente com princípios impraticáveis, absolutamente não, ele tencionava transformar-lhes a vida através da prática de tudo o que ele ensinava. Em certa ocasião, uma mulher ficou tão maravilhada com as palavras do Mestre que exclamou: “Bendito o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste!” (Lc 11:27). Jesus, porém, a corrige, dizendo: “Antes, bendito os que ouvem a Palavra de Deus e as guarda” (Jo 11.28).

O Mestre foi muito pertinente em encerrar o Sermão do Monte com a parábola dos dois construtores. Ele queria advertir a multidão sobre o fato de que de nada adiantaria ouvi-lo, maravilhar-se de sua doutrina e em seguida lançar para trás tudo o que fora aprendido. Assim ele apresenta a figura do insensato, o qual ouve, mas não se dá ao trabalho de praticar, este é o que edifica na areia, cuja construção não resiste às intempéries da vida. Da mesma forma, o Senhor apresenta a figura o homem prudente, o qual, não só ouve, mas pratica o que ouviu, este é comparado ao homem que edificou sobre a rocha, cuja construção resistiu firmemente contra as tempestades. Tiago, mais tarde, aconselharia aos irmãos: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” (Tg 1.22).

CONCLUSÃO

Jesus falou como um que tem autoridade porque ele, de fato, a tem! Ele, como Deus em forma humana, falou com toda a sua autoridade divina. Ele não foi apenas um profeta ou rabino. Não veio apenas para esclarecer o ensinamento da Lei dada por intermédio de Moisés. Ele apresentou, com a autoridade da sua própria voz divina, uma nova doutrina (Marcos 1:22,27). E foi com esta mesma voz de autoridade que ele nos advertiu: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (João 12:48).

O próprio Pai disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Devemos escutar e respeitar a voz de Jesus!

Já li muitos dos grandes mestre, pensadores de projeção universal que mudaram culturas e influenciaram sociedades inteiras; todavia, ao compará-los a Jesus, só me resta fazer uso das palavras dos servos do sacerdote, citadas no início do texto: “Nunca homem algum falou como este homem”. 

Sinceramente, não tem "pra" ninguém.


Estudo extraído do blog: pensarfazmuitobem.blogspot.com.br

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