“E, chegando o
sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam
dizendo: De onde lhe vêm essas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada?
E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?” (Mc 6.2).
“Nunca homem algum
falou como este homem”. Com essa frase dois servidores testemunharam acerca do
impacto dos ensinos de Jesus sobre seus alunos. A clareza, autoridade e
originalidade com que o Mestre de Nazaré ensinava encantavam até os seus
adversários e lhe renderam o título de maior Mestre de todos os tempos.
Nos dias de Jesus, Sócrates, o grande mestre grego, já
havia passado por aqui; Moisés, o grande legislador de Israel também; Esdras, o
mestre do pós-cativeiro também – sem falar de outros grandes nomes como Platão,
Aristóteles, etc.; mas foi do homem de Nazaré que alguém comentou:
NUNCA HOMEM ALGUM FALOU ASSIM COMO ESTE HOMEM...
Só pra se ter uma
ideia mais clara do reconhecimento do magistério deste homem, das 90 vezes
que alguém se dirige a Ele, em 60 Ele é chamado de Mestre.
Nas
décadas anteriores ao nascimento de Jesus, um dos mais influentes mestres ou
rabinos judeus foi um homem chamado Hilel. Há um registro no Talmud de
Jerusalém, uma explicação das leis e tradições dos judeus, sobre uma ocasião em
que Hilel discursou um dia inteiro
sobre um ponto de interpretação. Os outros rabinos só aceitaram a
opinião de Hilel quando este disse: “Ouvi assim de Semaías e Abtalion” (dois
rabinos, professores de Hilel na sua juventude). O comentário de Hilel bem
representa a mentalidade dos mestres da Lei da época de Jesus, que frequentemente citavam a autoridade dos
anciãos (Mateus 15:2 apresenta um exemplo disso).
Essa dependência nas tradições transmitidas
de geração em geração serve como pano de fundo para os comentários feitos por
Jesus no Sermão do Monte: “Ouvistes que foi dito aos antigos” (Mateus
5:21; veja, também 5:27,31,33,38,43).
Até os profetas do Antigo Testamento, recebendo mensagens diretamente do Senhor, fizeram questão de atribuir suas palavras à
autoridade de Deus. De Gênesis até Malaquias, encontramos tais atribuições
dezenas de vezes. Alguns exemplos:
- “Veio,
pois, Moisés e referiu ao povo todas as
palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma
voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos” (Êxodo 24:3).
- “Veio,
pois, a palavra do SENHOR, por
intermédio do profeta Ageu” (Ageu 1:3).
- No seu
livro, Ezequiel diz, em média mais de uma vez por capítulo: “Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo...”.
Os apóstolos falaram da mesma maneira,
claramente atribuindo suas mensagens às revelações recebidas do Senhor.
- Paulo
disse: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é
segundo o homem, porque eu não o recebi,
nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo”
(Gálatas 1:11-12).
- Pedro
afirmou que sua mensagem, como as mensagens de todos os profetas, veio por meio
de revelação divina (2 Pedro 2:16-21).
JESUS FOI DIFERENTE! Enquanto ele afirma sua concordância total e cooperação perfeita com o Pai, pois trabalham juntos desde a eternidade (João 5:17-18; 12:49; 14:24), há nas palavras de Jesus um tom de autoridade ausente nas declarações de homens fiéis. Quando apresentou contrastes com os ensinamentos tradicionais, Jesus simplesmente disse:
JESUS FOI DIFERENTE! Enquanto ele afirma sua concordância total e cooperação perfeita com o Pai, pois trabalham juntos desde a eternidade (João 5:17-18; 12:49; 14:24), há nas palavras de Jesus um tom de autoridade ausente nas declarações de homens fiéis. Quando apresentou contrastes com os ensinamentos tradicionais, Jesus simplesmente disse:
“EU, PORÉM, VOS DIGO” (Mateus
5:22,28,32,34,39,44; 19:9; Marcos 9:13; João 4:35). OHHHHH GLÓRIA!!!!!!
É
interessante notar que essa expressão aparece somente nos evangelhos e em
nenhum outro livro da Bíblia. Qual homem ousaria elevar sua própria palavra
dessa maneira?
Ensinar era
algo que estava no âmago da missão de Jesus, tanto que a maior parte do
seu ministério foi ocupada pelo ensino. Ele deu uma importância e dimensão ao
ministério do ensino como ninguém já houvera feito. Ele começou seu ministério
ensinando (Mt 4.17), passou seus últimos dias entre os homens ensinando (Jo caps
14;15;16) e a sua última comissão á igreja foi: “Ide e ensinai”! (Mt 28.19,20).
Era impossível ouvi-lo e ficar
indiferente ou inerte.
Os que o ouviam, ou o amavam profundamente ou o odiavam com ódio cruel, isso porque ele quebrou os paradigmas de
sua época. Em uma ocasião, após ouvirem um de seus discursos, muitos dos
seus discípulos o abandonaram dizendo: "Duro é este discurso; quem o pode
ouvir?" (Jo 6.60). João tem o cuidado de registrar que a partir daquele
momento, muitos de seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele
(Jo 6.66). Mas qual o grande diferencial do Mestre de Nazaré? Que predicados o
consagraram como o maior de todos os tempos? Vejamos alguns.
1. Jesus ensinava com autoridade. É comum, em um
texto dissertativo, para ser convincente, alguém usar “argumento de
autoridade”. Por exemplo, se queremos defender uma tese de cunho científico,
citamos as palavras de um grande cientista; se a tese é de cunho religioso,
citamos um grande religioso; se é de cunho econômico, citamos um grande
economista, e daí por diante.
Os mestres de Israel, a fim de endossar seus ensinos,
citavam as tradições e a autoridade destas para apoiar seus argumentos e
interpretações. Outrossim, citavam Moisés cuja autoridade impunha respeito
sobre o povo. Afinal de contas, até o momento, nunca havia se levantado em
Israel um profeta ou legislador da envergadura de Moisés.
Por isso era comum se
ouvir “assim como escreveu Moisés” ou “como nos ensinou Moisés”. Dessa sorte, a autoridade que calcava o
discurso pertencia ás tradições ou àquele que era citado. De repente aparece
Jesus com uma forma argumentativa centrada nele próprio, dizendo “ouviste o que
foi dito... eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22,27,28, 31-34, 38,39, 43, 44).
Essa forma inédita de argumentar causou espanto nos
ouvintes de Jesus.
A autoridade em
que ele alicerçava seu ensino era nele mesmo, não nos antigos. O Mestre não
precisava citar outras fontes, pois ELE MESMO ERA A PALAVRA DE DEUS e o VERBO VIVO. Por isso que Lucas observa que
a multidão se maravilhava de seus ensinos, porque ele ensinava com autoridade,
e não como os escribas e fariseus (Mt 7.29).
2. Jesus ensinava em todos os lugares, a todas as
pessoas. Ninguém
era tão sábio ou indouto que pudesse ser dispensado dos ensinos de Jesus. Ele
lecionou para um mestre de Israel chamado Nicodemos (Jo 3.1-21); como também
lecionou para uma mulher simples de Samaria (Jo 4.1-30). Ele ensinava a grandes
multidões (Mc 6.34), a pequenos grupos e também individualmente (Lc 24.27; Jo
caps 3 e 4). Em todos os lugares, eis o incansável Mestre ensinando: nas
sinagogas (Mc 6.2), em casas particulares (Mc 2.1; Lc 5.17 - obs.: até fariseus e doutores da lei ASSENTADOS ouvindo os ensinamentos de Jesus), no templo (Mc
12.35) e nas aldeias (Mc 6.6). Para ser
aluno de Cristo, bastava estar em seu caminho, em qualquer lugar onde Ele
estivesse.
3. Usava e abusava dos mais variados métodos de ensino. O Mestre se
valeu de vários métodos pedagógicos, de acordo com a capacidade cognitiva de
seus ouvintes a fim de comunicar com eficiência. Ele realmente criava condições
favoráveis ao aprendizado de seus alunos, adaptando a lição ao aluno, não ao
contrário. Ele analisava as condições psicológicas das pessoas, atentava para
suas necessidades, interesses problemas pessoais e, a partir daí, mostrava
caminhos e meios. Vejamos alguns métodos usados por Jesus.
a) Método expositivo
(Mt 5.1,2; Lc 4.22);
b)Método socrático
(Mt 22.42-45; ver Mt 13.51; 22.20; Mc 13.2; Lc 10.26);
c) Método de
discussão (Lc 24.15-27,32; ver At 17.3,17; 18.4);
d) Método audiovisual
(Mt 6.26, 28; Mc 12.15,16);
e) O método narrativo
(Mt caps 13, 25; Lc caps 10, 15);
f) O método de
leitura (Lc 4.16);
g) O método
demonstrativo (ver Jo 13.15; At 1.1).
4. Jesus era pertinente. Ser pertinente
significa ser próprio, concernente, adequado. Jesus arrebatava as multidões, porque ele tinha uma mensagem que
satisfazia a necessidade espiritual das pessoas. Ele tinha um método
eficientíssimo de comunicar sua mensagem. Ele
tinha uma vida que endossava a sua mensagem. Então o seu sucesso devia-se a junção destes
três elementos: uma mensagem (que ensina e satisfaz), um método (que comunica)
e uma vida (que conserva).
Uma vez o Mestre
disse aos seus discípulos: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu fiz,
façais vós também” (Jo 13.15). Em outra oportunidade advertiu-os: “No mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Mais tarde,
o escritor aos hebreus traduz a coerência entre os ensinos de Jesus e a sua
vida exemplar ao dizer: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa se
compadecer de nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado,
mas sem pecado” (Hb 4.15); e “... naquilo que ele mesmo, sendo tentado,
padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). Por isso que até mesmo os que não gostavam de Jesus voltavam dizendo:
NUNCA HOMEM
ALGUM FALOU COMO ESTE HOMEM... (JO 7.46).
5. Ilustrava sua mensagem com belas parábolas. O termo parábola (do
grego parabole) significa, etimologicamente, colocar uma coisa do lado da
outra, a fim de comparar. Segundo a hermenêutica bíblica, parábola é uma
narrativa alegórica constituída de personagens, coisas, incidentes e atitudes
que, através de comparações, facilita a compreensão de realidade que se acham
além do nosso entendimento.
Dos vários métodos
usados pelo Senhor Jesus, a fim de favorecer a compreensão, sem dúvida o que se
sobressaiu foi o método narrativo, que consiste em se contar histórias do
cotidiano para ilustrar verdades que, de outra forma, seria de muito difícil
compreensão. Dessa forma, as parábolas foram um recurso didático abundantemente
usado pelo Mestre de Nazaré.
Jesus era um
excelente contador de histórias. Suas parábolas até hoje são apreciadas por
leitores de todo o mundo, tanto adultos como crianças. Dentre as mais
conhecidas, temos a Parábola do bom samaritano (Lc 10), da ovelha perdida (Lc
15), das dez virgens (Mt 25), do filho pródigo (Lc 15). Além de que, Jesus era
um exímio observador. Tudo em seu campo de visão podia ser usado como objeto
ilustrativo para comunicar seu pensamento.
Ao ensinar verdades profundas por meio de parábolas,
Jesus tinha objetivos bem definido: Ele queria esclarecer o Reino de Deus aos
pequeninos e ocultá-lo daqueles que, julgando-se mestres, recusavam a sua
doutrina.
Em certa ocasião, ele
mesmo disse: “Por isso vos falo por parábolas, porque eles [os religiosos de
Israel], vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem” (Mt 13.13).
Aliás, essa atitude do Mestre já havia sido predita pelo profeta Isaías (Is
6.9,10). Achamos por bem transcrever abaixo o comentário preciso do pastor
Ezequias Soares a respeito do assunto em apreço.
“Nem todos os que
seguiam a Jesus estavam preocupados com o Reino de Deus e muito menos
interessados em aprender. O propósito do Mestre era atrair os verdadeiros
interessados por sua mensagem, pois, não entendendo, iam pedir-lhe explicações
(Mt 13.10). Como toda a Palavra de Deus,
as parábolas do Senhor Jesus eram como espadas de dois gumes. Se por um lado
explicavam os mistérios do Reino de Deus aos pequenos e humildes (Lc 10.21),
por outro, ocultava esses mesmos mistérios aos sábios e inteligentes. Se
quisermos aprender os mistérios do Reino de Deus, devemos nos prostrar aos pés
do Mestre divino e, assim, em profunda humildade, guardar seu ensinamentos em
nosso coração”.
6. O ensino de Jesus era prático e desafiador. Ao proferir
seus magistrais ensinamentos, Jesus não tinha como objetivo impressionar seus
ouvintes com a sua incrível sabedoria ou encher-lhes o coração e a mente com
princípios impraticáveis, absolutamente não, ele tencionava transformar-lhes a
vida através da prática de tudo o que ele ensinava. Em certa ocasião, uma
mulher ficou tão maravilhada com as palavras do Mestre que exclamou: “Bendito o ventre que te trouxe e os peitos
em que mamaste!” (Lc 11:27). Jesus, porém, a corrige, dizendo: “Antes,
bendito os que ouvem a Palavra de Deus e as guarda” (Jo 11.28).
O Mestre foi muito pertinente em encerrar o Sermão do
Monte com a parábola dos dois construtores. Ele queria advertir a multidão
sobre o fato de que de nada adiantaria ouvi-lo, maravilhar-se de sua doutrina e
em seguida lançar para trás tudo o que fora aprendido. Assim ele apresenta
a figura do insensato, o qual ouve, mas não se dá ao trabalho de praticar, este
é o que edifica na areia, cuja construção não resiste às intempéries da vida.
Da mesma forma, o Senhor apresenta a figura o homem prudente, o qual, não só
ouve, mas pratica o que ouviu, este é comparado ao homem que edificou sobre a
rocha, cuja construção resistiu firmemente contra as tempestades. Tiago, mais tarde,
aconselharia aos irmãos: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes,
enganando-vos com falsos discursos” (Tg 1.22).
CONCLUSÃO
Jesus falou como um que tem autoridade porque ele, de fato, a tem! Ele, como Deus em forma humana, falou com toda a sua autoridade divina. Ele não foi apenas um profeta ou rabino. Não veio apenas para esclarecer o ensinamento da Lei dada por intermédio de Moisés. Ele apresentou, com a autoridade da sua própria voz divina, uma nova doutrina (Marcos 1:22,27). E foi com esta mesma voz de autoridade que ele nos advertiu: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (João 12:48).
CONCLUSÃO
Jesus falou como um que tem autoridade porque ele, de fato, a tem! Ele, como Deus em forma humana, falou com toda a sua autoridade divina. Ele não foi apenas um profeta ou rabino. Não veio apenas para esclarecer o ensinamento da Lei dada por intermédio de Moisés. Ele apresentou, com a autoridade da sua própria voz divina, uma nova doutrina (Marcos 1:22,27). E foi com esta mesma voz de autoridade que ele nos advertiu: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (João 12:48).
O próprio Pai disse: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; a ele ouvi”
(Mateus 17:5). Devemos escutar e
respeitar a voz de Jesus!
Já li muitos
dos grandes mestre, pensadores de projeção universal que mudaram culturas
e influenciaram sociedades inteiras; todavia, ao compará-los
a Jesus, só me resta fazer uso das palavras dos servos do sacerdote,
citadas no início do texto: “Nunca homem
algum falou como este homem”.
Sinceramente, não tem "pra" ninguém.
Estudo extraído do blog: pensarfazmuitobem.blogspot.com.br
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